terça-feira, 31 de agosto de 2010


Arte... Direitos humanos
Por Luiza Rosario

“Preciso falar. Acreditem... Alguma coisa dentro da minha cabeça um troço difícil de explicar. Como uma voz vinda de longe... E que só pudesse ser ouvida aqui dentro... Essa voz me disse que não era justo calar. Que o a que tava acontecendo tinha que ser posto pra fora...”
(Netto, João Ribeiro Chaves - Patética)

Essa voz que grita de nosso peito e salta ao corpo é a voz de indignação, ação, e ligação direta que os meios artísticos têm a sociedade  aos direitos instituídos e a liberdade. Voz traçada pelo mesmo impulso (creio) foco de inspiração de artistas como Chico Buarque com suas letras e musicas, com a intenção (creio) de levar aos berros artísticos o conhecimento da barbárie e caos de uma sociedade subjugada e que pouco conhece às vezes ignora seus direitos legais.

A “Conferencia os direitos humanos na atualidade e a arte com isso” vêm com o objetivo de colocar em discussão a relação que a arte tem com os direitos humanos com o intuito de unir num só debate artistas, sociedade, e profissionais das áreas de sociologia, políticas, humanas para que possamos não só aprender e conversar, mas também analisar com fatos o panorama e a relação que este estado tem com tema tão questionador e em plena evolução para um levantamento e conhecimento especifico com a liberdade que nos foi assinada pela Declaração dos Direitos Humanos, gerando aos participantes reflexões, e quem sabe um impulso para mudanças, e deixando as claras o lado mais latente e muito esquecido das artes, que é o lado critico, político, e em movimento com a sociedade, não só o proporcionar lazer e entretenimento.

Programação:

15h _ Abertura com oficina “PRÉ-EXPRESSIVIDADE” oferecida pelo Grupo Híbridos de Teatro. Inscreva-se pelo e-mail híbridosdeteatro@yahoo.com.br. Vagas limitadas!

18:30h _ Mesa e debate da temática: “Direitos humanos na atualidade e a Arte com isso?”

21h _ Apresentação do grupo Barulho de Torresmo e Grupo Cultural da Comunidade Helênica do ES.

Conferencistas:


Ø      Mauro Petersem Domingues: Sociólogo (UFRJ) e Cientista Político (IUPERJ), professor do Departamento de Ciências Sociais da UFES, responsável, dentre outras, pela disciplina "Instrumentalização para o Ensino de Ciência Política" onde se enfatiza a Educação em Direitos Humanos.

Ø      Fábio do Carmo: Bacharel em Música (UFMG) e professor do Circuito Cultural de Vitória em 5 edições; Professor de música do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), da Casa de Passagem e do PROJOVEM ADOLESCENTE da Prefeitura Municipal da Serra. Atua como músico em diversos grupos da grande Vitória-ES.

Ø      Luiz Inácio: Coordenador do Fórum Nacional de Juventude Negra (FONAJUNE), Coordenador do Fórum Estadual de Juventude Negra (FEJUNES), Secretário-executivo do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e Estudante de Direito.

Local: Rua da Grécia, 228 _ Barro Vermelho, Vitória
(avenida ao lado do Carrefour, sentido Praia do canto/ barro Vermelho)


Contatos:
(27) 8177-0279 / 9282-8050/ 3222-5124

Visite os Blogs: hibridosdeteatro.blogspot.com
                           hibridosdeteatro.wordpress.com


Apoios:

Centro de Cultura Grega
Grupo Híbridos de Teatro
Max Goldner






sábado, 10 de julho de 2010

Sobre Atuar



Alcance da voz

Após percorrer caminhos iniciados no comando cerebral o sopro de som liberta-se dos lábios ao externo, e alça caminhos mis a partir de sua reverberação esteja o sopro em palcos ou praças, sendo libertada por homem ou mulher, este sopro do ator não se finda, mas começa outro caminho causado pela união de letras faladas por assim dizer Fala ou texto da personagem quer esta persona seja criado por Shakespeare, Machado de Assis ou Nelson Rodrigues. Tal sopro de som alcança ouvidos mentes corações e corpos como uma onda branda ou tempestuosa. A voz do ator dita diversas vezes soará no momento da libertação como palavra nova emancipada. Por vezes dura suave, com ternura, ódio, indiscriminação, determinação, medo altruísmo, etc. Dependendo não simples, mas simplesmente da intenção que se queira o ator persona.

O caminho da voz que primeiramente se inicia no ator e seu corpo perpassa palcos, galpões, afins e alcança de maneira aterradora ao espectador que por segundos pode conhecer personalidades, idéias e ideais de um texto por sua eficácia e primazia.

Não é só o ator falar que faz com que o espectador entenda sobre o que se refere o espetáculo ou que este se atente para o palco. Atualmente a fala da personagem se encontra num patamar (se assim poso dizer) mais real em que os atores buscam compreender não só a forma correta da pronúncia, com analise e respeito às regras gramaticais dos textos em questão.

A fala pode tocar profundamente, provocar catarse, reflexão assim como se ouvíssemos um eu te amo ou te odeio dito por alguém bem quisto. Com o declínio do textocentrismo o ator, diretor e grupo pode livremente analisar e avaliar uma forma coerente, crível e verossímil de se dizer uma (ou varias) fala conseguindo obter a verdade que temos cotidianamente, sem a necessidade declamatória que os atores tinham no século passado.

Com o auxilio de alguns teóricos, dramaturgos e seus estudos podem conhecer o sopro de som que passa a ser peça elementar, ou fundamental para o aprimoramento do ator e forma de se dirigir a platéia alem visual, entre este estudiosos temos Antonin Artaud, Jerzy Grotowski e kostantim Stanislavski.

Graças a inquietação teatral, busca pelo conhecimento de Stanislavski com o teatro Naturalista que os atores começaram a percorrer um novo rumo nesta arte, em que este passa a ser o foco principal no teatro. Assim ele deveria dizer o texto de uma forma mais orgânica deste modo poderia atingir o espectador de uma forma mais sensitiva e sensorial.

Então Stanislavski escreve uma serie de livros com ensinamentos diversos relacionados às técnicas teatrais, incluindo a voz do ator, a parti de suas pesquisas e de seu teatro naturalista. Em seus livros descreve a pratica e teoria, no que se refere ao tema voz relata sobre entonação, dicção, impostação, pronuncia pausa, subtexto, e etc.

Com a pesquisa podemos compreender a importância das palavras em suas formas variadas.

Portanto felizmente é possível reaprender a falar e a se utilizar de um item aparentemente tão natural e comum para que possamos tocar e ser tocados como platéia ou persona.

E assim como a vida nos palcos “não é o que se fala e sim como se fala” que traz a um ouvinte a compreensão efetiva.

Luiza Vitorio

Atriz do Grupo Híbridos de Teatro

link para pesquisa

http://www.ceart.udesc.br/revista_dapesquisa/volume4/numero1/cenicas/doatoraoespectador.pdf

http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/processos/Clarisse%20Lopes%20-%20NOVOS%20DESAFIOS%20PARA%20A

http://www.cptdc.hpg.ig.com.br/Paginas/historia_arte/Mestres/cosntantin_stanislavski.htm

bibliografia:

A Preparação do Ator. Tradução: Pontes de Paula Lima (da tradução norte-americana). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1964.

A Construção da Personagem. Tradução: Pontes de Paula Lima (da tradução norte-americana). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1970

A Criação de um Papel. Tradução: Pontes de Paula Lima (da tradução norte-americana). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 1972


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre Atuar...

Encantamento

Ele está lá diante de uma platéia atenta, em suspense, quase quinhentas pessoa em olhos vivos, nada se ouve alem dos passos daquele que é o objeto da atenção de diversas gentes, únicas com vidas e históricos diferentes quase sem respiração a olhos e ouvidos abertos esperando a próxima ação, fala, ou reação deste que está “sob luzes brandas e músicas invisíveis”, gerando vida a um ser existente em linhas dramáticas, projetado pelo ator, diretor, referencia e gêneros.

Ele está prendendo, absorvendo a atenção por uma cena que apesar de efêmera pode durar dias, anos,e gerações na memória de quem assiste,fazendo-se conhecer o ator, diretor, dramaturgo, equipe ou grupo que se coloca á julgamento pelos mais e menos conhecedores da arte teatral.E caminhado vai se colocar a seguir pelas quase quinhentas pessoa que estão amalgamadas por todo o conjunto.O seu corpo reluz como por mágica sem o auxilio de maquiagem e cenotecnia. Suas falas reverberam por todo espaço do fundo do palco ao hall de entrada do edifício.

E vai conduzindo a todos inicio ápice, e fim de seu trabalho, até que este dia se encerre, e antes que as cortinas se fechem a platéia atônita por tanta verossimilhança e liberdade levanta-se toda até os camarotes para aplaudir emocionada e agradecida por um momento único de alguns minutos de ludicidade.

O ator caminhando,dançando,cantando,chorando,rindo ou em silencio gera encantamento à platéia que entregue, ri chora,se incomoda,felicita-se enfim se deixa sentir algo por aquele(s) que como um imã invisível emana seu trabalho sua técnica com um “simples” gesto quer seja no palco, arena, praça ou prédio abandonado.Este exemplo de ator que detém toda a platéia possui uma atração diferente ao corpo cotidiano e comum que normalmente usamos, ele possui técnica, estudo, pratica e presença/energia.

Fatores descritos no tema Antropologia Teatral que é foco de trabalho do celebre Eugenio Barba(foto) o fundador de uma das mais conceituadas companhias teatrais o Odin Teatret fundado em 1964 . Barba é hoje considerado um dos mais importantes nomes da Antropologia Teatral, que estuda o comportamento cênico pré-expressivo que se encontram na base dos diferentes gêneros, estilos, papéis, e das tradições pessoais e coletivas.

E descreve que o trabalho do ator funde em um único perfil três aspectos diferentes correspondentes a três níveis de organização bem distinguíveis. O primeiro aspecto é individual. O segundo é comum a

todos aqueles que praticam o mesmo gênero de espetáculo. O terceiro concerne aos atores de tempos e culturas diferentes.

Estes três aspectos são:

1. A personalidade do ator, sua sensibilidade, sua inteligência artística, sua individualidade social que torna cada ator único e irrepetível.

2. A particularidade da tradição cênica e do contexto histórico-cultural através dos quais a irrepetível personalidade do ator se manifesta.

3. O uso do corpo-mente segundo técnicas extra-cotidianas baseadas sobre ‘princípios que retornam’ transculturais. Estes ‘princípios que retornam’ constituem aquilo que a Antropologia Teatral define como campo da pré-expressividade. (1)

O corpo todo pensa/age com uma outra qualidade de energia e ter energia significa saber modelá-la: "um corpo-mente em liberdade afrontando as necessidades e os obstáculos predispostos, submetendo-se a uma disciplina que se transforma em descobrimento." A utilização extra-cotidiana do corpo-mente é aquilo que ele chama de "técnica". Uma ruptura dos automatismos do cotidiano. Barba define energia como "a potência nervosa e muscular do ator". Estudar a energia do ator, segundo ele, significa examinar os princípios pelos qual o ator pode modelar e educar sua potência muscular e nervosa, de acordo com situações não-cotidianas. (...) Barba ainda nos diz que energia não é esse ímpeto externo, esse excesso de atividade muscular e nervosa, mas se “refere a algo íntimo, algo que pulsa na imobilidade e no silêncio, uma força retida que flui no tempo sem se dispersar no espaço”. (2).

Talvez a energia e presença de um ator seja algo impalpável e difícil de ser descrito objetivamente, mas fato é que estes são objetos de busca por estudantes e atores que por técnicas e estudos diversos almejam obter estes itens indispensáveis na hora de atuar, pois é esta presença e energia vinda do ator que o fazem tão atraente no palco,ou qualquer lugar em que esteja representando.

Luiza Vitorio

(Atriz do grupo Híbridos de Teatro)

Fontes de pesquisa na internet:

  • 1-http://www.ciacarona.com.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=152:antropologiateatral&catid=66:cat-textos&Itemid=98
  • 2-http://www.caleidoscopio.art.br/cultural/artescenicas/teacontemp/eugeniobarba06.html
  • -http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugenio_Barba

Bibliografias:

Ø Barba, Eugenio – A Arte Secreta do Ator: Dicionário de Antropologia Teatral. Editora Hucitec, São Paulo

Ø Barba, Eugenio - A Canoa de Papel. Editora Hucitec, são Paulo, 1994

Link Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=X_xPHxAbqjQ




quarta-feira, 24 de março de 2010

O Circo está fechando...



O circo está fechando...

Em quatorze de março de 2010 as 19 horas aproximadamente,estávamos nós personas no camarim Rosado Navarro,Bolota,Joana e Iara Rosa devidamente vestidos e maquiados.Medrosos e apreensivos fechariam nosso circo,segurando nossas lagrimas e estimulando uns aos outros tentaríamos ser melhores pois o publico estava entrando e a nossa espera.

Quanto a nós atores André, Ericka, Fabrícia, Eu e Eleciana sabíamos que era o nosso ultimo dia de nossa ultima temporada, que desejo e trabalho p/ que possamos continuar com este sensível e maravilhoso espetáculo chamado Patética.

Durante a semana me passou um turbilhão de coisas e me vi satisfeita e orgulhosa por termos iniciado um grupo e temos neste caso a vantagem de nos conhecermos e termos uma imensa simpatia e afinidade adquirida durante dois anos juntos como turma na Fafi.

Tivemos pouco tempo de nos reencontrar conversar avaliar as ultimas apresentações, fizemos ensaios corridos, mas consistentes, discutimos brigamos e rimos de nossas de nossas mancadas, fizemos acertos.

Mas um novo dia de espetáculo é sempre inesperado apesar de todos os ensaios e marcações etc. O teatro é sempre inesperado a platéia nunca é a mesma se é nunca permanece no mesmo estado de espírito que da ultima vez é sempre diferentes como suas reações, e com a dualidade do ator e nossa aproximação devido a característica intimista do espetáculo vejo olhos nos olhos reação de platéia, se chora ou ri, se entrega ou não. É gratificante a troca com esta platéia do Grande circo Albuquerque.

Platéia pronta; entramos, ou melhor, nos entregamos, pois foi fizemos nesta noite de atuação, estávamos em sintonia. Não trocamos falas, falamos; compartilhamos sentimentos nos colocamos no lugar de cada personagem eu nos digo por que pude ver e trocar com os companheiros de cena.

E sim senti indignação som Joana da Criméia, receio com o Valdeir medo com Ana Horowitz.

Não seria preciso dizer que creio ter sido esta a nossa melhor apresentação na minha humilde opinião de atriz.

E repito a fala de Iara Rosa: ‘’O espetáculo que mais gosto é sempre o ultimo que to fazendo’’. Apesar de estar no elenco de outros dois espetáculos Patética tem um sabor extremamente pessoal por ser o fim de um curso e inicio de um grupo, pelo trabalho de pesquisa, veiculação, estresse, e ter um pouco de cada Hibrido. Alem de ser uma linha diferente de tudo o que já havia trabalhado.

Fim de espetáculo.

Agradecemos a platéia ao estilo Circo Albuquerque e iniciamos satisfeitos pela apresentação,felizes por muitos incentivadores e encorajados a continuar.

Luiza Vitorio

(Atriz do Híbridos de Teatro)


terça-feira, 2 de março de 2010

Patética...Nasce o Grupo Híbridos de Teatro.



O espetáculo Patética volta em pequena temporada nos dias 06,07,13 e 04 de Março de 2010 no Auditório da Fafi.

As apresentações marcam o nascimento do Grupo Híbridos de Teatro formado ex-alunos da Escola de Teatro e Dança Fafi - ES.



Patética

A censura imposta pelo Ato Inconstitucional nº5 (AI5) no período da Ditadura Militar no Brasil é tema central do espetáculo Patética.

Através do recurso de metateatro os protagonistas da Trupe Circo Albuquerque encenam a tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, na peça tratado por Glauco Horowitz, fato que é divisor de águas na questão ditadura e direitos humanos.

Na tentativa de contextualizar o tema abordado em Patética buscamos o distanciamento atoral das personagens em função de emoções vicerais.

Tratamos a encenação de forma essencial. Debruçamos-nos a entender o espetáculo para além de uma ótica assassinato de herzog e fechamento de um circo, mas como possibilidade de despertar no espectador reflexões referentes a estas questões e sua repercussão e impressão em nossa contemporaneidade.

O ator e a verdade no jogo de cena foram peças fundamentais na montagem, pois através destes que se materializam a indignação e coragem das personagens tão humanas de Chaves Netto.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Patética...fotos de Juba Paixão





Patética 2009
























" Será que poderei dizer como naquele dia? Que é só mais um começo..."

(foto do espetáculo " PATÉTICA", de João Ribeiro Chaves Netto)




O espetáculo "Patética" teve estréia nos dias 12 e 13 de Dezembro 2009 na Escola de Teatro e Dança FAFI, em Vitória...

A montagem dirigida pelo professor Leonardo Patrocínio é resultado de pesquisa da turma de formandos do Curso de Qualificação Profissional em Teatro.




A PATÉTICA OU UMA PAIXÃO

ENGAJADA

Frios e mudos,
os muros erguem-se;
ao vento, as bandeiras tilintam.

Friedrich Hölderlin

Classificada em primeiro lugar, no VIII Concurso Nacional de Dramaturgia, realizado pelo SNT (Serviço Nacional de Teatro), em 1977, o texto “Patética”, de João Ribeiro Chaves Neto, conforme Fernando Peixoto, “nasce quando o teatro brasileiro está circunstancialmente castrado em seu mais legítimo potencial criativo, amordaçado por uma arbitrária censura que vem regularmente impedindo que dramaturgos e encenadores realizem um esforço crítico conseqüente com a realidade”.

“Patética” – texto confiscado pelos órgãos de segurança – trata do “suicídio” do jornalista Wladimir Herzog, ocorrido em 1975, nas masmorras do DOI-CODI, em São Paulo, na considerada fase mais violenta da repressão militar. Apesar do autor, João Ribeiro Chaves Neto, ser cunhado de Herzog, a elaboração da peça não se trata de uma atitude isolada, considerando que a mesma faz parte de um conjunto de dramaturgos, diretores e grupos que se inserem num movimento teatral comprometido com a resistência ao regime militar de 1964. Na maioria das vezes, apelando para episódios históricos ou situações simbólicas e alegóricas este movimento produziu textos enfatizando a repressão à luta armada, o papel da censura, o arrocho salarial, o milagre econômico e a ascensão dos executivos e a supressão da liberdade. Entre estes também destacamos Oduvaldo Viana Filho, Gianfrancesco Guarnieri, Ruy Guerra, Chico Buarque, João das Neves e tantos outros, sendo alguns ex-integrantes do Centro Popular de Cultura que no momento foi colocado na ilegalidade.

Dividida em dez cenas, “Patética” é uma espécie de teatro no teatro, ou seja, a peça dentro de uma representação que se encerra e se abre num circo que está sendo fechado pela repressão. A partir do jogo de contar uma história onde cada um dos atores assume um ou mais personagens, desenrola-se a trajetória dos Horowitz, um casal de judeus iuguslavos que, chega ao Brasil em 1949 e se estabelece em São Paulo. Acompanham a vida do filho Glauco (Wlado ou Wladimir) que ingressa no jornalismo e passa a ter uma militância política e, tanto pela consciência dos problemas sociais e políticos de sua época, quanto pelo seu destaque na imprensa, acabou preso, torturado e morto na prisão. O chamado “suicídio” de Wladimir Herzog, devido a grande repercussão nos meios de comunicação, é compreendido por alguns analistas como o ponto de onde se inicia todo o processo de abertura política no Brasil.

No caso dessa montagem pelos alunos finalistas do Curso de Qualificação Profissional em Teatro da Escola de Teatro e Dança FAFI, faz parte da disciplina Prática de Montagem II que tem a dramaturgia contemporânea brasileira como critério de escolha de uma obra a ser encenada. E a “Patética” foi eleita em virtude não só da discussão do teatro como um discurso político e a idéia de uma arte engajada, mas também pela essência da palavra que significa uma possibilidade de incitar as paixões e, ainda, por propiciar o exercício do princípio básico de uma montagem: o processo de criação e organização daquilo que foi aprendido e apreendido ao longo do curso, desde a teoria até a prática, passando pela convivência e conscientização do trabalho em equipe e, enfim, pela busca de equilíbrio entre o sonho e a realidade.

Wilson Coêlho

Coordenador de Teatro





Ficha Técnica

Direção: Leonardo Patrocinio

Elenco: André Loureiro, Eleciana Mello, Ericka Schuina, Fabricia dias e Luiza Vitorio

Figurino: Regina Shimitt

Maquiagem: Cleverson Guerrera

Designer gráfico; Max Goldner